Diário de Viagem

de Elros Folhamacia.


Primeiro Registro

Eu admito que nunca me imaginei me aventurando com um grupo tão diferente de pessoas, mas ao mesmo tempo já fui membro dos Redbrands, então eu acho que julguei bem errado o que o destino me reservaria. Pelo visto, a senhora Tymora realmente está do meu lado, pois ao partir em uma jornada por vingança sangrenta, eu acabei por encontrar aquilo que achei que tinha perdido para sempre em Phandalin. Amigos.

Tudo começou na taverna Driftwood, em Neverwinter, poucos dias após eu ter conseguido “santuário” com Gundren Rockseeker. Talvez “santuário” é uma palavra forte demais, mas Gundren me devia o suficiente para que eu pudesse cobrar de volta em forma de proteção agora. Mas até a proteção do anão mais engenhoso não duraria muito, considerando Glasstaff e os Redbrands, e o que eles são capazes de fazer. Através de Gundren, eu conheci um grupo de pessoas bem, mas BEM peculiar.

O anão e paladino Modor Holystone, o clérigo humano Bran Stormwind, o mago gnomo Garrick Sadfuse, e os elfos Arannis Liadon, um ranger e Oezo Seashadow, um guerreiro. Todos nós havíamos sido colocados juntos por Gundren Rockseeker para realizar uma tarefa por ele, que era levar uma carruagem cheia de suprimentos dos mais variados tipos até Phandalin. É claro que eu tenho os meus próprios motivos para retornar a aquela cidade e ainda mais com a ajuda de pessoas assim, mas isso iria levar algum tempo, talvez até mais do planejado. Ah, quase me esqueci, também conhecemos Sillar Hallwinter, alguém que Gundren chamou de companheiro e guerreiro, mas eu duvidava se não seria apenas um bom e velho mercenário.

Gundren e Sillar partiram naquela noite, mas nós ficamos nos preparando (entenda-se isso por beber mais do que devia e apresentar todos do meu grupo a um bom fumo halfling) e só saímos na manhã do dia seguinte. Deixamos Neverwinter para trás juntos, com todo o material necessário para a construção desse tal templo. A estrada era a mesma que eu utilizei para ir de Phandalin até Neverwinter, então eu tinha uma leve noção do nível de perigo que poderíamos encontrar lá. Claro que isso não em deixou mais ou menos preparado para tudo o que aconteceu, todos os goblins, a chuva intensa, a escolta do guarda patrulheiro (que veio como uma benção da própria Tymora!), tudo até o inn abandonado. Eu devia saber que algo iria acontecer, só não imaginava que seria o sacrifício do guarda em prol de nos salvar.

Mas o ponto alto, e aonde eu termino esse meu registro, foi o meu último encontro. Nós já entramos na outra rota, indo para Leste agora em direção a Phandalin e bem longe de Neverwinter, quando encontramos dois cavalos mortos. O grupo pareceu tão preocupado quanto eu sobre aquilo, pois parecia um tipo de emboscada até. Mas algo em mim, seja de minha natureza halfling ou ladina, me fez pensar rápido e longe, de volta a Neverwinter quando Gundren e Sillar se despediram e começaram a viagem quase meio dia antes de nós. Eles haviam saído com cavalos idênticos a esses dois mortos na estrada. Aliás, não eram cavalos idênticos, eram os mesmos cavalos!

Foi aqui que nossa jornada desviou totalmente, e nós tivemos que não só nos preocupar em limpar o campo da emboscada de goblins que realmente aconteceu como previsto, mas também agora temos uma nova preocupação: o que aconteceu com Gundren Rockseeker e Sillar Hallwinter? Será que os goblins haviam matado eles? Ou sequestrado eles? Ele era o nosso empregador, e eu pelo menos me sentia no dever de ir resgatar esse velho amigo que me deu abrigo após todo o caos com os Redbrands.

Infelizmente essa emboscada pegou nós um pouco de surpresa e o grupo está meio abatido. Como consegui sobreviver até agora nessa jornada sem me lascar, então devo ficar de vigia enquanto o grupo se recupera. Essa jornada já me trouxe tantas surpresas...uma delas, e talvez a maior, é o quanto a minha fé em Tymora aumentou. Sim, eu já venero ela e Mask a anos, mas nunca senti a sua presença tão forte em minha vida desde que sai com vida da armadilha dos Redbrands. Em seguida veio o grupo, que olha, pode até apanhar as vezes, mas o nosso nível de trabalho de em equipe somado com a ambição por obter resultados sempre satisfatórios tem nos colocado na trilha ao sucesso.

É com esse grupo e Tymora ao meu lado que eu sei, mais do que nunca agora, que eu estou no caminho certo para cravar o meu nome na história, como o destruidor dos Redbrands e um dos maiores ladinos que já existiu em Faêrun. Bem, talvez não um dos “maiores”, mas um dos melhores.

Segundo Registro

Ao acordarmos no dia seguinte (e admito que não dormi muito tranquilo, sempre com aquela sensação de estar sendo observado) as coisas já começaram de modo interessante. Modor Holystone, o nosso paladino, acabou se ferindo demais e optou por seguir viagem com a carruagem, enquanto eu e o resto de nosso grupo ficaria por ali para procurar por sinais de Gundren e Sillar.

Eu ainda não sabia se era ou não do interesse todo do meu grupo em fazer isso, e com a saída de Modor, comecei a ficar com medo de que eu era um dos poucos ali que realmente se importava com Gundren, e não estava fazendo aquilo por dinheiro ou alguma outra razão. Mas eu conhecia o anão, e não poderia deixar um amigo na mão assim, sem saber o que aconteceu com eles na mão de goblins.

Perto de onde encontramos os cavalos mortos e a emboscada aconteceu, um de nós também avistou uma pequena trilha, e por pequena digo REALMENTE pequena, somente eu, com Arannis o Ranger e Garrick o mago conseguimos navegar ali com pouca dificuldade, ao contrário do resto que a cada poucos minutos tomava um galho na cara. Pelo menos isso tudo durou pouco, pois logo nós estávamos do outro lado daquela trilha, mas novamente, vítimas de surpresas. Só que dessa vez não eram goblins, e sim um Tiefling. Sim, um Tiefling. Só ia ser pior se fosse um Drow, e olha que eu gosto de dar chances até para as raças mais “questionáveis”, afinal sou um criminoso, então...

Esse Tiefling em particular, chamado Marador, apareceu do nada e bem confiante. Ou é arrogante? Não sei, a linha entre essas duas coisas é tão tênue...enfim, Marador é um feiticeiro, não um mago como Garrick, mas um puro feiticeiro com herança dracônica em seu sangue. Talvez era isso que dava a ele essa personalidade mais forte, e olha, eu não achei que agradou todo mundo não. Oezo pelo menos bateu quase que de frente com Marador, e eu me imaginaria como o paladino reagiria a presença de um Tiefling entre nós, ou como seria quando nos encontrasse chegando em Phandalin para a criação do templo acompanhado de um de origem infernal e dracônica.

Pelo menos ele ajudou, e por ajuda quero dizer que conseguiu que tomar bastante das pancadas pelo grupo, e como nós havíamos perdido o paladino, precisávamos de alguém assim. E falando em alguém que sabe tomar pancadas pelo grupo, está na hora de falar do meu grande amigo Oezo Seashadow. Nós encontramos alguns goblins após essa trilha, e no começo admito que apanhamos feio, esses filhos da mãe estavam todos escondidos, mas após limpar os que estavam por ali naquelas ruinas, nós começamos a ir atrás de um particular, o que estava sempre fugindo. Esse goblin acabou nos levando até um riacho, e foi aí que minha sorte mudou.

Precisei montar no ombro de Oezo, o guerreiro, para atravessar o rio, e foi aí que descobri que Oezo provavelmente seria um dos meus grandes amigos daqui para a frente. Consegui finalizar um dos goblins e ajudar a derrubar o outro ainda de seus ombros, e só com Oezo de companhia. Foi coisa típica de história de bardos, que você acha que é exagero e enfeite, mas não, é a pura verdade!

Mas tão cedo quanto começou, minha sorte começou a acabar. Tymora ainda anda ao meu lado, mas pelo visto comecei a gastar de sua benção de forma bem rápida, ou talvez venho tido uma abordagem muito superconfiante em relação a esses momentos de sorte. É minha culpa, pois havia começado a me esquecer da proteção de Mask, o nosso Senhor das Sombras, e como ele recompensaria uma abordagem mais cuidadosa de nós, ladrões.

Eu me empolguei, e adentrar em uma caverna cheia de goblins no ombro de um guerreiro de linha de frente, bem...não seria TÃO ruim se não fossem pelos lobos. E pela tromba d’agua. Sim, a maldita tromba d’água. Para os humanos, elfos e até anões do meu grupo, isso não era tão perigoso assim, mas porra, sou um halfling! Para mim e o gnomo, aquilo não era uma “tromba d’agua”, mas sim um tsunami mortal! E foi por causa da água que eu me ferrei e feio, acabei ficando isolado do grupo em uma parte escura da caverna, e sendo atacado por goblins por várias direções. O que me salvou aí não foi sorte, mas sim amizade: Oezo Seashdow, que veio ao meu resgate, e novamente juntos, nós conseguimos tratar dos goblins como um exterminador faz com criaturas pestilentas.

Nós estamos seguros agora, ou melhor dizendo “seguros”. Já conseguimos ouvir que existem mais goblins dentro da caverna, e isso somado a água e a surra que a gente já levou, bem, é hora de uma pausa. Nós precisamos nos recuperar, mas ao mesmo tempo, sem abaixar a nossa guarda. E ao levantar, nós VAMOS descobrir o que aconteceu com Gundren Rockseeker.